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Porque somos contra a NATO
Achegamos este artigo que leva por título "Porque somos contra a NATO" das compañeiras portuguesas da PAGAN.
A NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte) foi criada em 1949 como uma organização militar para a defesa colectiva em relação à União Soviética Esse papel é sublinhado no artigo 5 do tratado e afirma que o ataque armado a um dos membros é considerado como um ataque a todos os membros.
A NATO foi fundada pelos EUA, Canadá e 10 estados europeus, incluindo Portugal. Juntaramse, depois, Grécia, Turquia e Alemanha Ocidental. Quando esta última aderiu, em 1955, a União Soviética e os países de Leste reagiram, formando o Pacto de Varsóvia.
Para os EUA, a Europa funcionava como defesa avançada, fora do continente americano. A União Soviética fazia o mesmo com a Europa de Leste. Com o fim da guerra-fria, em 1989, e o posterior desmantelamento da URSS, o inimigo comum desaparecia. Desde essa altura, a NATO, que deveria desaparecer com o inimigo, tem-se legitimado através duma série de vagas ameaças potenciais.
Nos anos 90, com a guerra civil na Jugoslávia, a NATO encontrou um novo papel: operações humanitárias. Em 2001, o 11 de Setembro deu-lhe outra razão para existir: a “guerra contra o terrorismo”. Hoje, para além de manter a Europa como posto de defesa avançado, os EUA conseguem, através da NATO, ter o continente europeu como plataforma para incursões no Médio Oriente, Ásia Central e África, a partir das suas bases militares e da utilização de infraestruturas para o transporte das suas tropas.
Para a Europa, a importância da NATO ainda assenta, para alguns estados membros, no seu papel de defesa colectiva e, para outros, é o instrumento através do qual eles podem ter um papel mais preponderante na cena política mundial. Outros ainda vêem a Aliança Atlântica como forma de influenciar a política dos EUA e de limitar a sua tendência para o unilateralismo.
Na realidade, o que a NATO significa, para nós, europeus, é que, neste momento, estamos em guerra. As bombas não estão a cair na Europa. Estão a cair a vários quilómetros de distância, no Iraque e no Afeganistão. No entanto, a guerra começa aqui: a Europa serve como rampa de lançamento para intervenções militares em todo o mundo. Sem a utilização da logística das suas bases europeias, os EUA nunca conseguiriam ter invadido o Iraque. A NATO não é uma alternativa ao unilateralismo dos EUA. É o que o torna possível.
A NATO é responsável por dois terços dos gastos militares mundiais. Os seus potenciais inimigos têm registos bastante mais modestos: 6,3% (China) e 3,9% (Rússia). E os inimigos flutuantes, dos quais devemos ter medo a cada dia, ainda são mais comedidos: 0,5% (Irão). Na Cimeira de Lisboa, em Novembro próximo, deverá ser assumida uma visão de futuro que passa por uma NATO com objectivos globais e com membros de todo o mundo, o que, a acontecer, a transformará numa aliança militar mundial.
Ou seja, se houver um conflito no Pacífico, a Europa está automaticamente envolvida. Lisboa será palco de outras decisões e, tudo indica, que os objectivos da aliança serão alargados, de forma a incluir a segurança energética. Isto significa que a NATO passará a estar disponível para utilizar a força militar, onde quer que seja, desde que considere, por exemplo, que o abastecimento de petróleo ou gás possa estar em perigo.
A possibilidade de serem utilizadas tropas para repor a ordem pública em caso de levantamentos populares, para impedir a entrada de refugiados e para substituir as forças civis de imposição da ordem onde quer que queiram, nomeadamente em território europeu, deverá ser outro assunto da Cimeira de Lisboa.
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